A (falta de) gestão que causou prejuízo ao hospital
Há uns vinte anos participei de equipe que analisou a saúde financeira de operadora de saúde que patrocinava time da 1ª divisão do futebol brasileiro, pois uma seguradora desejava comprá-la.
Imaginei que nosso parecer seria favorável, dado ao marketing da operadora.
Porém, não indicamos a aquisição, pois a fragilidade e a deficiência organizacional da operadora se escondiam atrás das propagandas.
O risco de planejar o que não se sabe
Há uns cinco acompanhei de perto o planejamento feito por empresa para gerenciar um hospital público.
Num primeiro momento surpreendi-me com a capacidade de criar montanha de gráficos, recheados de expressões em inglês.
Feita a parceria com o ente político, depois de três anos as planilhas mostraram-se erradas ou superdimensionadas, pois a empresa se baseou em hipóteses e projeções generosas demais e esqueceu de considerar dados palpáveis e a realidade fria do contexto, além de componentes geográficos e demanda da população.
Resultado: o pretenso lucro se tornou prejuízo em pouco tempo.
O planejamento do desconhecido
Leio na mídia a engenharia jurídica, administrativa e financeira feita por multinacional que comprou operadora de plano de saúde brasileira por uma fortuna e que amarga prejuízo desde então.
Consequentente, O negócio foi errado, ao que tudo indica, e a estrangeira tenta se livrar da operadora e dos beneficiários que ainda a mantêm financeiramente.
Os dois últimos exemplos são bem parecidos, guardadas as proporções, e o prejuízo é certo, fruto de erros interpretativos e/ou leitura equivocada do ambiente do negócio.
Conclui-se que gráficos, softwares, aplicativos e demais ferramentas disponibilizadas pela tecnologia, além do inglês, são importantes, mas se as pessoas que os elaboram não conhecerem o negócio e as suas características dificilmente ele dará certo.
H. L. Mencken estava certo: para todo problema complexo existe sempre uma solução clara, simples, elegante e completamente errada.
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