Entre o motoboy de 18 anos e um empresário de 50 quem o médico deve escolher para receber tratamento na UTI diante da existência de apenas uma vaga? E se o motoboy for portador de câncer e o empresário não tiver doença de base, a opção mudaria? Devemos usar a inteligência artificial para fazer a escolha ou humanizar mais a discussão? Esse sempre foi o dilema dos médicos, agravado pela Covid-19. Surgiram critérios para ajudar na triagem. O Reino Unido criou classificação em nove níveis, que começa em gente atlética (very fit), passa pelas pessoas boas (well), as que gerenciam bem (managing well), os vulneráveis (vulnerable), os moderadamente frágeis (moderately frail) e as opções acabam nos doentes terminais. A ideia é salvar quem tem mais chance de sobreviver a partir da identificação das fragilidades da pessoa e seu grau. No Brasil há critérios: a) comprometimento dos órgãos do paciente, b) doença crônica, c) capacidade física de sobrevivência. A pontuação obtida pelo paciente selará a sua sorte. Outra tabela brasileira estabelece escala: a) muito ativo, b) ativo, c) regular, d) vulnerável, e) levemente frágil, f) moderadamente frágil, g) muito frágil e h) severamente frágil. Os pacientes críticos ou gravemente enfermos serão preteridos em detrimento dos mais saudáveis.