O médico foi condenado porque seguiu o protocolo clínico.
A justiça nem sempre é justa. Conselhos também não.
Há que se lutar muito para conseguir aprovar uma lei.
Presume-se que, com a lei, a situação pela qual se lutou irá mudar.
Ledo engano.
Veja a lei dos 60 dias, que manda o paciente com câncer receber o primeiro tratamento dentro deste prazo.
Nem sempre o SUS consegue atender e o problema que originou a lei continua depois da lei.
Os médicos devem ser treinados para entender o quadro clínico do paciente, mas nem sempre a carga de conhecimento oferecida pelas faculdades é suficiente e eles não conseguem identificar os sinais apresentados pelo doente.
Os protocolos clínicos – ou diretrizes terapêuticas – surgem para recomendar condutas, medicamentos e posturas testadas para atender o paciente com mais rapidez e de forma padronizada, diante do aparente comportamento semelhante à casuística estudada.
Num julgamento, o Conselheiro criticou o protocolo clínico seguido pelo médico, pois discordava do seu conteúdo, que o impedia de emplacar a sua vontade.
Então, foi mais fácil desmerecer e desacreditar o protocolo dizendo o óbvio: que o seu cumprimento não era obrigatório, como se ninguém soubesse disso.
O médico foi condenado porque seguiu o protocolo clínico que o Conselheiro não gostava.
E os outros Conselheiros concordaram com ele.
A justiça nem sempre é justa. Conselhos também não.