Havia desconfiança quanto à capacidade do líder (Neville Chamberlain) na Londres de 1940. A oposição aceitava formar coalização, mas não sob o comando dele, de quem exigiam a renúncia. Precisava-se de sucessor para ocupar a casa número 10 da Downing Street, como Primeiro-Ministro do Reino Unido, para enfrentar o avanço dos nazistas, chefiados por Adolf Hitler. Quem seria? Apesar de o nome certo para todos (Halifax), optou-se por um parlamentar que não aparecia nas listas de apostas, mas que era respeitado pela oposição, o que era importante naquele momento político. Eis que surge WINSTON CHURCHILL, um homem grande de 66 anos que tomava uísque no café da manhã, fumante charuto compulsivamente, ficava deitado na cama durante grande parte do dia, de onde despachava – e tossia -, além de ser agressivo, sarcástico, prepotente, rabugento e com “emoções desenfreadas”. Tudo isso fica claro nos dez primeiros minutos do filme DARKEST HOUR (O destino de uma nação, 2017). Apesar das suas não qualidades, ele era dono de rara inteligência e grande estrategista, qualidade que, num primeiro momento, não era assim entendida por seus pares, que desconfiavam de sua capacidade. Mas CHURCHILL era escritor e sabia escolher bem as palavras. Seus discursos injetavam ânimo nas pessoas para lutarem pela defesa de Londres e da Inglaterra, mesmo sabendo que, pela situação, não podiam vencer o inimigo. Mas ele defendeu o lema da vitória (V), o que empolgou as pessoas e fez a diferença (“Nada tenho a oferecer além de sangue, labuta, suor e lágrimas”). Ele idealizou a Operação Dínamo, realizada em maio e junho de 1940, que salvou 340 mil soldados ingleses que estavam sob bombardeio na cidade francesa de Dunquerque (vejam o filme Dunkirk, 2017). Em DARKEST HOUR, a cena do metrô, em que CHURCHILL conversa com o povo, é antológica, emblemática e emocionante. CHURCHILL foi Primeiro-Ministro Britânico duas vezes: 1940/1945 e 1951/1955, e morreu em 1965, aos 91 anos de idade. Estive em Londres em outubro/2019 e visitei o Churchill War Rooms, que são as salas de guerra localizadas num bunker pertinho do Parlamento britânico de onde Churchiil comandou a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial. Está tudo lá, preservado, original, intocado, transformado em museu, o que permite uma viagem real e inacreditável pela história. Todos os cenários criados para o filme DARKEST HOUR estão em original no museu, que tem uma entradinha discreta numa rua secundária, que passa quase batida pelo mais desatento. É emocionante. Recomendo. Em tempos de governantes líquidos, ler e assistir CHURCHILL é confortante.