Grosso modo, o núcleo central da sustentabilidade consiste em identificar a melhor forma de fazer o que já fazemos para continuarmos fazendo no futuro. Historicamente, nós não nos preocupávamos com o porvir. Interessava-nos o presente.
Um belo dia, percebemos que o futuro não existiria se continuássemos a agir da forma irresponsável que norteava nossas ações. Desde 1990, pelo menos, o mundo debate as metodologias a serem empregadas para que seja possível atingir os objetivos estabelecidos pelos países que o compõem, capitaneados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Vários protocolos de intenção e eventos foram realizados para debater as metas e suas ampliações, as ferramentas a serem criadas e implementadas e os prazos para que isso aconteça, pois a natureza não pode esperar pelo tempo dos homens. Para isso, estabeleceram-se as Metas do Milênio da ONU e foram realizadas a Eco-92 e a Rio+20, tendo sido feitos diversos encontros neste interregno.
O entendimento do que vem a ser sustentabilidade se amplia a cada dia e a diversidade das variáveis que a compõem chegará, inexoravelmente, a toda a complexidade social e técnica que o ser humano conseguiu delinear para que ele mesmo trilhe.
A discussão acerca da sustentabilidade abrange o meio ambiente (a exploração dos recursos naturais, a preservação do verde etc.), o consumo inteligente, a erradicação da pobreza e da fome, a educação básica, a igualdade entre os sexos e vários outros assuntos, aqui omitidos por economia.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro em junho de 2012 (Rio+20), reuniu representantes de quase todos os países do mundo para avaliar as ações praticadas até então e definir os próximos passos para garantir que nossos filhos continuem a viver bem sobre o planeta, extraindo dele o que vão precisar.
A área da saúde, que é uma das dimensões de atuação dos Camilianos no Brasil, é absolutamente importante para permitir e facilitar a efetivação da sustentabilidade, pois, para que as pessoas consigam agir, atuar e desenvolver todas as atividades macro que a compõem, é necessário que elas estejam aptas para tal, ou seja, que tenham saúde, no seu sentido lato.
Apesar da obviedade da afirmação acima, curiosamente, a Rio+20 dedicou poucos esforços para tratar da saúde e de seus inumeráveis problemas, que vão desde o crônico subfinanciamento brasileiro e mundial, até o combate à AIDS, à malária, à erradicação do uso de mercúrio (inclusive em termômetros) e por aí vai.
Os advogados podem contribuir muito para levar a efeito a sustentabilidade nas suas diversas facetas, inclusive como estratégia de negócios e instrumento de gestão e não apenas como postura legal ou de marketing. Eles poderão interpretar e orientar corretamente os seus clientes acerca do cumprimento da legislação ambiental, aplicada aos mais diversos segmentos empresariais, da Norma Regulamentadora n. 32, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e que trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde, e por mais um sem número de normas jurídicas que tratam direta ou indiretamente da sustentação equilibrada.
Da sustentabilidade dependemos todos nós, individual e coletivamente. Precisamos atuar de forma multidisciplinar para que nossas gerações se perpetuem. Façamos, pois, a nossa parte! Rápido.
Publicado na
revista São Camilo Brasil – Educação, Saúde e Assistência Social,
n. 11, jul/ago de 2012, p. 10.
www.saocamilo.br