Muitos defendem usar a cloroquina no início dos sintomas da covid-19 “desde que prescrita por um médico”. Ora, qual médico tem o culhão de receitá-la sem respaldo científico e sem que nenhum benefício concreto decorrente dela é conhecido? Ao contrário, há estudos que mostram que ela acelera a morte de pessoas, o que interrompeu pesquisas devido à alta letalidade dela. Estamos no meio de tempestade de raios, com a visão turva, sem norte, sem bússola, sem waze e ouvindo vozes ao longe falando que é por ali e outras orientando a ir para acolá. E continuamos no mesmo lugar, depois de 67 dias de isolamento, com medo de seguir para qualquer lado porque as opções não demonstram sequer indício de confiabilidade. Vivemos o ditado: leva quem gritar mais alto. No caso, o que poderá ser levada é a vida. Não há solução segura imediata. Teremos que fazer escolhas, sem firulas, que levarão pessoas à morte. O difícil é escolher qual opção implicará no menor número de mortes do que a outra. E mais complicado ainda é se responsabilizar por elas. Estufar o peito e defender qualquer coisa sem respaldo científico nem nexo é tão fácil quanto irresponsável e criminoso. E se partir de autoridades elas praticarão erro grosseiro se atuarem contrariamente à ciência, conforme decidiu hoje o STF.