Roubo de materiais, descontrole de estoques de produtos, compras urgentes com preço mais alto, desperdício, desabastecimento, adversários internos remando contra, descumprimento de protocolos, pressões, ameaças, denúncias anônimas, quebra de câmeras de vigilância, luta contra a tecnologia e demissão. Quem conhece o funcionamento de um HOSPITAL, principalmente o setor de compras, sabe das agruras que falo. A leitura do livro ESTAÇÃO CLÍNICAS, escrito por Waldemir Rezende em 2007, me faz lembrar de vários hospitais pelos quais passei e é o retrato fiel de situações que continuam a acontecer Brasil afora. Identificado o panorama de desleixo que imperava no Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCMFUSP), Waldemir denunciou os fatos e as pessoas às autoridades e à imprensa. Ao invés de ser engrandecido, ele foi demitido por justa causa (em 2008) por ter sido insubordinado, negligente e ofender a honra e a imagem do hospital ao publicar o livro. Precisou de anos para ele conseguir reverter a demissão na justiça e reaver o seu emprego. Esse livro volta à mente ao ver tantas denúncias de compras irregulares em tempos de covid, o que sugere que pouca coisa mudou. Leia o livro, mude os nomes e se surpreenda.