O tempo do ‘tapinha nas costas’, acompanhado de um sorriso e seguido da expressão “vai dar tudo certo”, não é mais suficiente para completa satisfação dos pacientes.
Quando algo dá errado no tratamento ou na cirurgia, o médico não tem muito o que fazer a não ser esperar pelo processo (judicial ou disciplinar).
Não é de hoje que se prega a elaboração de termo de Consentimento Informado. E não é de hoje que os médicos protelam sua adoção.
Aquele termo não vai livrar nenhum médico de ser processado. Mas poderá ajudar, e muito, na sua defesa.
O Consentimento Informado é um documento que deve ser escrito pelo médico e que tem por objetivo informar ao paciente, dentre outros: a) o diagnóstico; b) a terapêutica indicada; c) o prognóstico; d) os riscos ou vantagens de se usar um ou outro medicamento; e) as reações que o seu organismo pode desencadear; f) os riscos de uma cirurgia; g) a eventual ineficácia do tratamento; h) as alternativas que serão utilizadas para melhorar a sua qualidade de vida. Serve, ainda, para registrar sua concordância e autorização para a prática do ato médico sugerido.
Ele é bom e ruim. Depende do ponto de vista.
É bom quando complementa a relação médico-paciente, disponibilizando a ele informações claras (devidamente traduzidas), permitindo-o optar se quer ou não se submeter a determinado tratamento.
Ele é tido como ruim por alguns porque pode contribuir para que a relação pessoal entre o médico e o paciente, que deve ser alicerçada na confiança, transforme-se em algo burocrático, jurídico e frio.
A sinceridade do médico poderá aumentar o estresse, a ansiedade e o sofrimento do paciente, que não ficará feliz em saber detalhes do mal que o acomete. Mas ele tem que saber. Isso resguardará e protegerá o médico de tentativa de responsabilização por algum infortúnio e até mesmo de aventureiros que procuram se enriquecer às custas de profissionais desavisados.
Fazendo isso, o médico cumprirá as determinações do Código de Ética Médica e poderá dormir um pouco mais tranqüilo, sabendo, todavia, que nenhum documento lhe socorrerá, caso fique comprovado que ele efetivamente agiu com falta de cuidado em algum caso.