O episódio de abril/2002 do desenho animado “Os Simpsons”, exibido nos EUA, teve o Brasil como pano de fundo. Na época, criou-se muita polêmica sobre o conteúdo do seriado que continha, inclusive, alguns erros geográficos em relação ao nosso país.
Entretanto, o que mais “escandalizou” nossas autoridades (FHC chegou a comentar o assunto) foram os seguintes fatos: Homer, o pai, ao chegar no Rio de Janeiro, foi seqüestrado por um taxista, que pediu resgate; Bart, o filho, assistia na televisão a um programa infantil que era apresentado por uma loura em trajes sumários, cercada por dançarinas vestidas (ou não) da mesma forma; Marge, a mãe, ao assistir a um desfile de carnaval, comentou sobre a “sexualidade confusa” dos participantes; todos os personagens masculinos do desenho apresentavam tendências bissexuais.
É engraçado (se não fosse trágico) ver o quanto a hipocrisia reina por aqui. Ao invés de as autoridades (inclusive o presidente da República) preocuparem-se em evitar que os fatos mostrados pelo seriado realmente aconteçam na vida real (ou alguém duvida que o que foi apresentado não acontece?), elas, imediatamente, convocam a imprensa e, num discurso eloqüente (porém pífio) e cheio de palavras bonitas (nisso são bons), partem para a crítica àquela obra de ficção. Quase houve incidente diplomático por causa disso.
Por que será que, ao invés das autoridades atacarem o episódio, não tomam providências eficazes para que os fatos ali encenados não mais aconteçam, evitando que autores os incluam novamente em seus roteiros?
É claro que as autoridades brasileiras deveriam manifestar formalmente o descontentamento com o episódio do seriado. Nenhum brasileiro gosta de ver seu País satirizado. O problema é que as autoridades só fizeram isso. Só mostraram seu descontentamento com o programa. Após, voltaram para suas tocas no Planalto Central e deixaram que os fatos apresentados aos americanos repitam-se diariamente nas ruas e em nossas casas. Isso sim não é ficção.
Recentemente escolhemos pessoas para o parlamento e para a presidência da República. E cada brasileiro escolheu 6 (seis) nomes. É muita responsabilidade. Talvez tenhamos trocado todos os que estão lá ou talvez tenhamos deixado a maioria (o que, sabe-se lá porquê, acaba acontecendo).
Tomara que os brasileiros tenham votado com consciência para que não sejam eleitas pessoas pusilânimes que insistem em negar o óbvio e façam o simples bem feito, deixando de lado as idéias mirabolantes e estúpidas que estamos acostumados a ver.
Boa sorte, Brasil.