Sejamos pragmáticos: a mídia é o quarto poder brasileiro. Ela elege e derruba pessoas, finca posições e direciona assuntos no rumo desejado. Assistimos, lemos e ouvimos as mais variadas informações sobre o Terceiro Setor, algumas sem pé nem cabeça, outras com certo fundo de verdade.
Mas o que mais incomoda é a batida numa tecla só: o lado sombrio de algumas entidades em detrimento da ocultação de relevantes serviços sociais realizados por outras, honestas, sérias e compromissadas com sua história e com a sociedade. Seria isso “estratégia comercial”? Desgraça dá retorno financeiro? O fato é que vemos, quase todos os dias, entidades sem fins lucrativos malandras serem postas na vitrine da opinião pública. E é muito bom que isso aconteça, porque malandros e vadios devem sofrer os rigores da lei.
E os serviços realizados pelas entidades que efetivamente ajudam o cidadão desassistido, porque a eles não se dá o mesmo espaço midiático concedido às gatunas? Não haverá leitores interessados nas boas ações realizadas em prol do semelhante? As informações neste diapasão ficam restritas a periódicos específicos, dirigidos a leitores selecionados, enquanto a informação sobre o lado mau de algumas entidades sem fins lucrativos é exposta de forma aberta a todos, indiscriminadamente, em veículos regulares e populares.
Isso vai criando uma falsa impressão na opinião pública de que o nicho das entidades do Terceiro Setor, ou as ONGs, como a mídia gosta de chamá-las, é maculado pela facilidade produzida para contornar rigorismos legais, enquanto preferimos entender este avanço da sociedade (consubstanciado no Terceiro Setor) como “introdutor de inovadores aperfeiçoamentos da democracia” (Aldo Pereira) ou a forma de “empoderamento das populações para aumentar a sua possibilidade e a sua capacidade de influir nas decisões públicas e de aduzir e alavancar novos recursos ao processo de desenvolvimento do país.” (Augusto de Franco)
A mídia deveria refletir profundamente sobre seu papel e passar a seguir mais à risca seus manuais de redação. Os jornalistas que se servem do Terceiro Setor deveriam comprar essa briga de forma mais contundente e clara e se postar como voz dissonante ao coro entoado por alguns críticos de plantão que, despreparados e desconhecedores do assunto, “concluem” unilateralmente e de forma precipitada algo que, quando corretamente apurado, constata-se que foi erro de pauta. Isso já ajudaria muito.